Nesse texto distinto, Kafka retrata a história de um artista que passava sua vida a jejuar. A sua arte era passar meses sem por coisa alguma em sua boca e alimentar-se. Os espetáculos eram grandes e vistosos. Em suas épocas de sucesso, reunia-se grande quantidade de espectadores para assistir às apresentações do artista da fome. Era a grande diversão da época.

Infelizmente, os louros da fama não perduraram por toda a vida do artista. Com o surgimento dos grandes espetáculos do circo e as novas atrações, o espaço do artista da fome foi se tornando cada vez mais tênue. E seu fim tornou-se trágico.

Por mais que ele passasse uma quantidade de dias absurda somente jejuando, aquilo já não parecia mais atrativo ao público que antes se admirava com a força do jejuador profissional. Com o tempo, ele foi esquecido e se deixou esquecer dentro de suas grades. Até que um dia foi trocado por uma pantera que foi colocada em sua jaula. Antes de seu falecimento, o misterioso artista da fome revela que não se alimentava, pois nunca havia achado comida que lhe agradasse.

Ao tratar de conceitos atuais, é extremamente comum a mudança dos gostos e hábitos da sociedade. Da mesma forma como o artista da fome foi abandonado pelos seus espectadores, a sociedade moderna promove novos objetos que aos seus olhos pareçam apreciáveis. Kafka tratava do Modernismo.

O Modernismo, nascido em meio a revoluções e guerras turbulentas, representa hoje grande marco sócio-cultural, revelando as propostas artísticas em meio ao contexto histórico, desprendendo-se da ideia de arte já existente, exteriorizando novas formas culturais.

Em meio à segunda fase Revolução Industrial, esses termos modernistas representavam uma evolução nos aspectos em todos os âmbitos da sociedade. Visivelmente, os artísticos estavam evoluindo também. Tanto em relação a novos recursos, como tratando-se de conceitos de arte, conceitos sobre a própria evolução.

Esse é o novo ciclo da modernidade, no qual os desejos e o que é apreciável se reciclam num intervalo cada vez menor e que Franz Kafka trata na sua obra. O fato do faquir ter sido substituído por outros passatempos mais atraentes, ressalta a mudança do apreciável.